Poderia estar tudo bem, na verdade, talvez até esteja. Só que falta um detalhe, e a falta pesa demais para ser só detalhe.
"A arte de perder" - Elizabeth Bishop - Trad. Paulo Henriques Britto
“A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério. “
Esse cd da banda Cults é bem legal: http://www.youtube.com/watch?v=lcId8t9c4cc&feature=related
3 comentários:
amo este poema. De algum modo, no entanto, sempre acho a tradução do P.H.B. meio pesada. A Carmen de Oliveira tinha outra, tão mais leve...! E o poema no original tem mais música.
Que presente esse poema!
Mas concordo com a Vivian, em inglês tem uma musicalidade que transporta, e o perder parece assim, mamão com açucar.
Engraçado! quis perder mais coisas, para ensaiar ser assim.
ousaria dizer que esse é o poema que mais gosto.
e também prefiro a versão original.
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