" O Mal, na medida em que traduz a atração para a morte, em que é um desafio, como o é em todas as formas do erotismo, nunca é, por outro lado, o objeto de uma condenação ambígua. O Mal é assumido gloriosamente, como o é, por sua vez, aquele que assume a guerra, em condições que se revelam irremediáveis na nossa época. Mas a guerra tem o imperialismo como consequencia... Aliás, seria inútil dissimular que, no Mal, sempre aparece uma inclinação para o pior, que justifica a angústia e o desgosto. Não é menos verdadeiro que o Mal, considerado sob a luz de uma atração desinteressada para a morte, difere do mal cujo significado é o interesse egoísta. Uma ação criminosa "infame" se opõe à "passional". A lei rejeita ambas, mas a literatura mais humana é o lugar privilegiado da paixão. Do mesmo modo, a paixão não escapa à maldição: só uma "parte maldita" está destinada àquilo que, numa vida humana, tem o sentido mais carregado. A maldição é o caminho da benção menos ilusória."
A literatura e o mal - Georges Bataille - L&PM.
2 comentários:
Numa coisa eu concordo: sem tormento e paixão, sem o mal de alguma espécie, a literatura tem ossos, mas não tem carne.
Não só a literatura, mãe.
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