Sinto muita saudade sua. Nos últimos dias houve uma revolução de aspargos, eles estão por toda parte e creio que estou viciada. Sempre que lanço meu olhar guloso sobre aquele vegetal me lembro de você. Já comi na modalidade: sopa, salada e risoto. Estou virando a Buba dos aspargos. Aquela ressalva que você faz toda vez antes de comer ainda não aconteceu (apesar de ter pesquisado e ver que é normal). Talvez eu não distingua tais buquês, ou isso é só contigo, ou só aconteça por essas bandas. Ao procurar saber mais sobre esse alimento tão maravilhoso, que me traz tantas recordações boas, descobri que Manet curtia aspargos, e que Marriott Edgar e Margaret Atwood gostavam deles em suas poesias. Eu sou tradicional. Na manteiga, por favor.
ASPARAGUS - Margaret Atwood
This afternoon a man leans over
the hard rolls and the curled
butter, and tells me everything: two
women love him, he loves them, what
should he do?
The sun
sifts down through the imperceptibly
brownish urban air. I'm going to
suffer for this: turn red, get
blisters or else cancer. I eat
asparagus with my fingers, he
plunges into description.
He's at his wit's end, sewed
up in his own frenzy. He has
breadcrumbs in his beard.
I wonder
if I should let my hair go grey
so my advice will be better.
I could wrinkle up my eyelids,
look wise. I could get a pet lizard.
You're not crazy, I tell him.
Others have done this. Me, too.
Messy love is better than none,
I guess. I'm no authority
on sane living.
Which is all true
and no help at all, because
this form of love is like the pain
of childbirth: so intense
it's hard to remember afterwards,
or what kind of screams and grimaces
it pushed you into.
The shrimps arrive on their skewers,
the courtyard trees unroll
their yellow caterpillars,
pollen powders our shoulders.
He wants them both, he relates
tortures, the coffee
arrives and altogether I am amazed
at his stupidities.
I sit looking at him
with a sort of wonder;
or is it envy?
Listen, I say to him,
you're very lucky.
Um belo poema, não? Ainda na busca sobre este reino onde me encontro e te espero, esbarrei no caminho em Vladimir Radunsky (não, broder, não estou pirando, mas é bom saber que tem gente como a gente) que escreveu um livro infantil chamado: The mighty asparagus, que é a história de um aspargo que cresce na frente do castelo do rei e se passa na Itália renascentista. Parece que o poderoso aspargo fica imóvel, todo na dele, e o rei cada dia mais chateado com tudo isso. Eu não ficaria, mas ele não achou bom. Respeito.
Comprei o livro em fita cassete usada para você, logo chegará ai, coloca no walkmen e vem. Estou te esperando, corre, a janta vai ser servida e adivinha o que temos para hoje?
2 comentários:
mais food for the thought: o aspargo está entre os 10 alimentos mais afrodisíacos. No século XIX, os noivos comiam três pratos do vegetal antes dos banquetes nupciais. Um famoso herborista do século XVII, Nicholas Culpepper escreveu que " asparagus stirs up lust in man and woman." Ou seja, o aspargo, de fato, é intrigante. Ou excitante?
ai aspargos... um dos meus alimentos preferidos!
elisa faz falta, e essa dedicatória é a cara dela. na verdade sinto falta de nós juntas, todas! assim que elisa vier providenciarei um banquete de aspargos para nós.
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