
Vivemos uma explosão de redes de relacionamentos que fazem a gente estar conectado com tudo e todos ao mesmo tempo. Essa febre começou por aqui com o Orkut, veio o Myspace, surgiu o Formspring, e o famigerado Facebook. Criei meu perfil no Facebook em 2006, depois de ler sobre ele na revista Glamour inglesa. Achei que era uma espécie de Orkut, só que com gringos. Como queria arrumar um inglês, fui correndo criar minha conta. No início não tinha muita gente, era um ambiente bem família e higiênico, todo branquinho. Hoje em dia olho para ele e me sinto em um cortiço, não é a toa que o apelidei carinhosamente de C
ortiçobook. Todo mundo fala com todo mundo, é gente dando pitaco na sua vida, na do seu amigo, falando da sua mãe, cachorro, periquito e papagaio. Me sinto um pouco afrontada, e às vezes tenho a sensação que meu perfil virou orelhão de porta de favela. Agora mesmo tá rolando um alô para o tio no meu álbum de fotos, uma discussão sobre um filme, e o uso da câmera analógica x digital. De todas as coisas que o Facebook me proporciona: alegrias, tristezas, risos e indiferenças, o que mais me agonia é a síndrome do
curti. Estou virando o personagem do Charles Chaplin, em Tempos Modernos, que depois de um dia apertando parafusos, sai apertando tudo que passa pela frente. Um dia inteiro no Facebook e estou igualzinha, curtindo tudo! Isabel curtiu o café, curtiu o que escreveram sobre a política do Pré Sal no G1, curtiu o sabonete da empresa, curtiu o alô da recepcionista e assim vai. Olho para as páginas e procuro um botão que expresse meu encantamento ligeiro pelo que leio, vejo e sinto. Existe uma campanha para colocarem o não curti, o que seria muito bom, e o foda-se, que seria ainda melhor. Ainda bem que na vida real temos essas opções, o cortiço politicamente correto é lá, e a vida aqui fora segue normal.
Um comentário:
Adorei Cortiçobook!
Isso ainda vai cair no vestibular.
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