quinta-feira, 4 de março de 2010

Coletivo do amor

Eu adoro histórias de amor. Sou romântica, o que chega a ser meio brega, mas é verdade. Choro com "Um lugar chamado Notting Hill", me identifico com a "Bridget Jones", e nem posso imaginar "O casamento do meu melhor amigo" que me arrepio inteira. Gosto principalmente de como o acaso e o cosmos contribuem para que essas histórias se tornem incríveis. Poderia ser coisa de filme, fenômenos que acontecem somente em folhas de papel com diálogos e películas, ou melhor, capturações digitais. Só que acontece na vida real. Conheço gente que se conheceu em uma sessão solitária de cinema. Outra que pegou o ônibus errado, ouviu a conversa do telefone do sujeito ao lado, deu pitaco na vida alheia, e pimba- se casou. São inúmeros casos que têm como pano de fundo padarias, mercados, posto de gasolinas e afins.

É na esperança do acaso, a fim de solucionar minha solidão, que deixo aqui um mapeamento da minha rotina. Como não tenho leitores neste blog, não posso ser acusada de estar forjando um encontro com o amor, caso ele venha a acontecer. O máximo que pode ocorrer é eu ser seqüestrada, mas quem sabe eu não me apaixone pelo sequestrador, e vai ser a síndrome de Estocolmo mais bonita já vista. Pois bem, ando de ônibus todos os dias, inclusive fins de semana. Marco presença nas principais linhas da Zona Sul. De manhã é possível me encontrar entre 8:50 e 9:05 nas linhas: 511, 569,571,583,435 e 432. À noite, o fluxo é mais escasso, só existem 3 ônibus que me atendem, são eles: 432,435 e 592. Estou no ponto entre 18:45 e 19hs. Gosto de sentar do lado direito de quem olha no sentido do ônibus mesmo. Costumo ouvir música e ler um livro. Não observo muito o que acontece à minha volta, talvez esteja aí a chave do problema, mas sou simpática e seguro as sacolas dos outros.

Caso você, meu futuro amor, me veja em um desses coletivos, me procure no dia seguinte que estarei lá do mesmo jeito. Mas, se por um momento, você achar que eu sou a mulher da sua vida, não hesite em falar comigo. Se você fizer esse gesto provavelmente vou acreditar que você é também o homem da minha vida. E, se de todo modo, diante de mim (o seu amor), você fraquejar e não tiver coragem de sentar ao meu lado (aceito demonstrações violentas, tipo tirar a velhinha do lugar dela), crie um blog que vou achá-lo. Essa história de blog para achar pessoas desconhecidas falo em outro post. Por enquanto foco nas linhas de ônibus, e leio tudo que está escrito nos bancos à procura de algo como: Você morena dos olhos claros, ontem te vi lendo um livro e cantarolando baixinho um hit indie yeah yeah. Por você meu coração bate desde então.


Imagem de: Jenny Holzer -grande artista que minha mãe me apresentou

** Dedico este texto a minha amiga Clara, que não é tão romântica como eu, mas sonha encontrar um amor no movimento pendular diário**

3 comentários:

Clara disse...

Ownnnn...
Loviú, baby Bel.
Permita-me discordar. Meu grande amor existe, vagueia por Botafogo e pelo Horto, e está emperrado na roleta do 409, esperando o cartão do Riocard ser aceito na maquininha, para que ele possa passar e se sentar ao meu lado. No banco atrás do motorista.

VW Nonno disse...

Bel
um post com sabor de Nick Hornby.
Avião também é bom. Acontece todos os dias. Num navio, meu avô conheceu minha avó. Era a fórmula clássica do início do século XX. Mas Bridget Jones traz um alento: às vezes na festinha chata da família, o amor surge num suéter de alce bizarro. Pet Shop? Você traz seu schnauzer que eu toso meu poodle? Galeria de arte: já fui conceitual, agora estou querendo um pouco mais de figurativismo, se é que você me entende...

Dissolvida disse...

e eu desejo uma história dessas para todo o ser humano que tenha algo dentro do peito.
minha rotina é bem incerta e não tenho como dar meus passos, então espero o destino, acaso, cosmos, ou seja lá o que for para me trazer a pessoa amada. só me recuso a usar os trabalhos das mães espalhadas pelos postes da cidade que trazem o ser amado em 3 dias. rs