terça-feira, 17 de agosto de 2010

James Joyce is very disappointed with you


Semana passada recebi, em meu e-mail, um convite para assistir à peça de um grupo de teatro, do qual um conhecido faz parte. Vou raríssimas vezes ao teatro, quanto mais para ver novas companhias, por isso decidi que essa era uma boa oportunidade de quebrar meus paradigmas dramatúrgicos. Escalei duas amigas para ir comigo, que, por serem entendidas no assunto, fariam meu aprendizado ser mais proveitoso (afinal, sou leiga, e como leiga tendo a achar as coisas no mínimo interessantes). Acabei indo só com uma delas, e foi engraçado voltar ao local onde nós duas estudamos teatro. Nova roupagem, novas instalações: deu saudades dos tempos em que acreditava que seria atriz de Hollywood. O tempo passou, me tornei designer e ela roteirista, mas foi ali que iniciamos nossas breves vidas de atrizes, e foi ali, também, que nos desfizemos daquele sonho de então. A peça era uma adaptação do livro de Joyce “Retrato de um artista quando jovem”, que não li, mas faço questão de ler, o quanto antes, pois acho que a peça era tudo, menos uma adaptação de Joyce. O espetáculo durou exatamente 1:03:44, e eu me sinto à vontade ao dizer que não gostei: ideias boas perdidas, cenas desnecessárias, falta de profundidade em muitos aspectos e um convite ao riso em momentos nada propícios.

Isso aconteceu no sábado. Hoje, terça-feira, continuo pensando na peça que merecia um vale-ácido na entrada para fazer mais sentido. Hoje, terça-feira, a frase que o narrador-corredor prateado repetia, continua martelando nas minhas têmporas: “Ainda somos jovens, mas por quanto tempo?”. Hoje, terça-feira, chego à conclusão que a tal peça esquisita, recheada de amadorismo e clichês, mexeu comigo. Permaneço sem saber a resposta à pergunta que foi feita no sábado.

2 comentários:

Leonardo Villa-Forte disse...

Tô querendo ver essa peça. Legal você perceber que mexeu com você algum tempo depois.

Catarina disse...

Um dia eu acordei me sentindo muito velha. Mas muito velha mesmo, com a certeza de que não dava mais tempo para nada... Fiquei assim um tempo e aí cansei. Cansaço de velho, sabe? E voltei a ser jovem. Mas não se por quanto tempo.