quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

2011 não foi bissexto

Adquiri o RioCard essa semana para evitar gastos desnecessários de taxi que nesta época do ano circulam por ai com bandeira dois. Nunca tinha tido um, nem quando era carteira assinada, mas agora tenho, e por conta da aquisição voltei a andar de ônibus como nunca. Entre um ponto, um bom dia, uma boa tarde, uma entrega, um bairro, uma música, e um livro, tive tempo de sobra para repensar no ano que já termina. Não cheguei a nenhuma conclusão brilhante, e tampouco tive uma epifania, só desfiei mês a mês o que passou e percebi que, diferente dos outros anos, 2011 foi um ano de grande aprendizado individual. O que vou fazer com isso? não tenho nenhuma grande pretensão.
Fiquei com meu quarto desmontado durante 5 meses, mudei a cara dele, e foi neste ano que, pela primeira vez, coloquei um papel de parede. Foi ainda neste ano que meu banheiro que, era verde, ficou preto & branco. Foi em fevereiro que conheci um país novo, e quase perdi uma grande amizade por causa de uma foto até hoje não vista. Porém, não só não perdi, como a amiga envolvida se tornou fundamental nos meses subsequentes. Ainda no país dos outros decidi cometer meu mais duradouro facebookcídio. A sensação foi uma das mais libertadoras que já tive, e até agora questiono a decisão de ter voltado 6 meses depois. Em março decidi começar uma terapia porque precisava de uma "diarista" para me ajudar a arrumar a casa. Diferente das outras tentativas, essa me ensinou a ver dias mais ensolarados, e a acreditar (ainda não muito) que posso montar verdadeiros banquetes, ao invés de ficar comendo só as migalhas da mesa (nessa matéria fiquei de recuperação e vou fazer de novo ano que vem). O carnaval deste ano também foi em março e eu ia sair de Medusa e Salomé, mas meu velho problema visceral me atacou me deixando de cama de aplique, maquiagem e badulaques. Em 2011 não desfilei meus brilhos. Foi neste ano que  mudei de email achando que assim  fazia as pazes com o que passou, e foi no email antigo, através de um velho remetente, que  recebi a notícia que minha vida acadêmica ganhava mais uma linha. Em maio perdi uma pessoa muito importante, mesmo que ela nunca saiba o quanto me ajudou (e a outros tantos) com o blog dela, e foi em maio também que senti muito medo e depois muita felicidade. Ah, sim, no mês das noivas não noivei, mas conheci Coney Island que é um caso de amor antigo. Em junho fiz mais uma primavera e decidi fazer uma dieta. Perdi muitos quilos entre salames, coca zero, ovo, e comprimidos suspeitos. Ganhei todos eles de volta e mais alguns uns meses mais à frente. Em julho assinei o contrato da minha empresa, me casei com outras 3 pessoas e prometemos acreditar sempre que tudo vai dar certo por mais difícil que seja. No mês 7  dei uma de criança pequena e mexi no que estava, praticamente, cicatrizado. Na hora juro que parecia uma coceira gostosa. Foi no remeillon que percebi o quão passageiro as relações são através de uma foto no facebook. "A vida segue" - para todo mundo, ufa!
Quase no final do mês minha casa ficou sem um elemento, e isso deixou todos cheios de saudades. Agosto chegou cheio de viagens, um flat, algumas feiras e muitas ideias para o trabalho novo. Foi no mês 8 que meu sistema respiratório travou, e assim ficou até novembro. E já quase em setembro me despedi muitas vezes em um mesmo fim de semana. Em um sábado à noite o que parecia ter sido rico se mostrou pobre, e no domingo pude perceber que existem histórias que só ficam boas em livros. Foi ainda no domingo, durante o almoço, que o destino mostrou que sabe ser bem divertido e no mesmo restaurante eu pude ver, sorrir, e entregar em mãos a parte da vida de outra pessoa que estava na minha. Setembro chegou com cara de ressaca, e aquela viagem de 6 horas de volta para casa ainda me assombrava. No início do mês finalizei a segunda pós, e comecei um curso de literatura inglesa entre pães de queijo e amigas queridas. Ainda na primeira quinzena ganhei um novo amigo, que passou despercebido no meio do fim de semana das despedidas, mas que tempos depois enquanto caminhávamos de volta de um café me disse "eu sei que aconteceu alguma coisa aqui, mas tá tudo bem" (ref.matéria de recuperação). De 2011 levo ele e a menina do ônibus que virou companheira de natação e assuntos nonsense, que por obra, também, do destino, despencou dentro da baia da equipe de madame V. Sem dúvida minhas melhores aquisições. Ainda nas festividade de independência, aconteceu a Bienal, um dos meus eventos favoritos, e minha empresa fez o brindes. Em setembro era oficial, eu não podia mais viver sem minha sócia, ela se tornou peça fundamental de tudo. Outubro foi um mês tranquilo, e no marasmo do cotidiano  me deparei com a bagunça dos últimos meses. Depois de tudo organizado, comecei a aceitar o que eu sempre soube, mas disfarçava com fantasias e histórias mirabolantes: "Você é sozinha" eu disse para mim mesma durante 31 dias. O mundo dos solitários é mais interessante e culto, é possível rir de si mesmo, dá para ocupar bem seu tempo, mas tem horas que o silêncio é asfixiante. Eram nesses momentos sem ar que sentia a presença do que não existia, e sorria para o nada imaginando que talvez, quem sabe, estivesse de alguma forma sentado a me observar. Não estava, mas ainda me pego sorrindo de vez em quando com a lembrança desses não-momentos. Em novembro conheci Pernambuco, e me apaixonei por lá, e me reapaixonei por Alceu, e senti saudades de dançar forró. Saudade foi uma palavra muito presente neste ano. Neste mês  troquei o computador e fui em uma médica que me passou uma dieta esquisita, que segundo a própria, vai me deixar equilibrada com o poder dos legumes. Foi nos 45 do segundo tempo que olhei para trás, e resolvi pequenas-grandes coisas que foram sendo deixadas ao léu. A sensação foi boa para todo mundo, acredito. Algumas supresas, algumas formas novas de pedir desculpas tanto minhas quanto dos outros.
E eis que chega dezembro coberto de luzinhas de Natal, e com ele boas notícias para pessoas próximas queridas, passarinhos, festas de comemoração, e a sensação que este ano foi alterado, loucão, mas que era necessário para que o caminho de coisas boas seja trilhado em 2012. Acho que vai dar, todavia.... vai dar sim!


Coloco aqui, e aqui, um pouco da trilha sonora desses 365 dias.

 Foto de Joyhey

2 comentários:

Dissolvida disse...

Vai dar, Belzoca! Vai dar!
Olhar e refletir sobre o ano que passou é sempre uma boa coisa, e essencial para sabermos o que temos que mudar e o que temos que seguir com no ano seguinte.
E, mesmo longe, eu to aqui pra você, meu amor!Você não está sozinha!!!

Julieta disse...

A menina do ônibus deu um belo upgrade, né? Ela me contou outro dia quem 2011 tinha sido um anão (ela usou essa palavra mesmo) e que nem Clayton Fabio, o astrólogo, poderia prever todas as coisas boas que aconteceram depois que seu cep passou a ser a baia de madame V.!