Se eu tivesse um caminhão, e eu sei que um dia eu vou ter, ele teria uma cabine com estofado de veludo verde-menta de ponta a ponta. Minha caçamba só carregaria coisas leves. Na marcha haveria uma bola com a torre Eiffel dentro, daquelas que nevam, e meus pedais seriam metálicos com as inscrições: Love (acelerador), Hate (freio), Hope (embreagem). Luzinhas cor de âmbar decorariam todo o painel, mas só seriam acendidas em datas especiais. Meu mascote seria um bonequinho do Elvis, como o que eu tenho na janela, que balança o quadril. Guardado dentro do quebra-sol um porta retrato com a foto do meu amor, preso a uma corrente, que eu beijaria toda noite sussurrando para ele sonhar comigo. Do lado de fora, um fileteado escrito: Cada um cria o paraíso ou o inferno que lhe convém. Não haveria pedágio, não haveria outros carros, nem postos de gasolina. Somente eu, dentro do meu caminhão, e um muro enorme no fim da estrada.
Um comentário:
O muro é em Arcádia?
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