terça-feira, 3 de abril de 2012

Uma noite fora de você

Essa noite tive um sonho erótico.
Fazia tempo que meu imaginário não aparecia com imagens que guardei, em algum lugar que já nem me lembro, mas que serviam de referência para caso um dia acontecesse o encontro cósmico dos corpos. Na falta de lembranças concretas o inconsciente trabalha na modalidade suspense, eu sempre fico sem saber como acabaria. A sensação que dá é que o consciente munido de suas razões gritaria "corta" não permitindo o desfecho.
 Não é a primeira vez que tenho sonhos eróticos com o mesmo protagonista, pelo contrário, foram inúmeras vezes, e todas elas possuem a mesma característica: o sonho é interrompido e nada acontece. É como se só eu soubesse que era para ser um sonho erótico, talvez ele saiba, e mais ninguém. Já estivemos juntos em hotéis, ruas escuras, apartamentos que eu não sei  de quem são , lugares que nunca fui, camas pequenas e grandes. Geralmente o que antecede a transa é cheio de paixão e toque, às vezes rimos muito, às vezes brigamos, poucas vezes nos beijamos, toda a atmosfera é obscena. Em determinado momento só falamos, falamos, falamos, falamos, e quando retomamos a fim de gozar no final, eu acordo, eu sempre acordo.
Essa noite estávamos no chão, havia uns vestidos que não eram meus jogados por toda a parte, uma paisagem bonita, e nós estávamos tristes. Era um sonho erótico só no rótulo, nada era alusivo a sexo,  tudo era desprovido de paixão. Mesmo diante deste cenário, quando finalmente consegui ver o rosto dele de baixo para cima, comecei acordar, fiz um esforço tremendo de não perder o fio da meada, para não ver ir embora a oportunidade, mesmo sabendo que havia perdido oportunidades melhores do que aquela, mas foi em vão.
Acho que a tristeza era o racional que cisma em estar presente. Talvez seja esse o caminho para reter o sonho e viver as cenas finais: não havendo intromissões desse tipo, vamos nos esbaldar e eu não vou acordar.

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