Fazia tempo que meu imaginário não aparecia com imagens que guardei, em algum lugar que já nem me lembro, mas que serviam de referência para caso um dia acontecesse o encontro cósmico dos corpos. Na falta de lembranças concretas o inconsciente trabalha na modalidade suspense, eu sempre fico sem saber como acabaria. A sensação que dá é que o consciente munido de suas razões gritaria "corta" não permitindo o desfecho.
Não é a primeira vez que tenho sonhos eróticos com o mesmo protagonista, pelo contrário, foram inúmeras vezes, e todas elas possuem a mesma característica: o sonho é interrompido e nada acontece. É como se só eu soubesse que era para ser um sonho erótico, talvez ele saiba, e mais ninguém. Já estivemos juntos em hotéis, ruas escuras, apartamentos que eu não sei de quem são , lugares que nunca fui, camas pequenas e grandes. Geralmente o que antecede a transa é cheio de paixão e toque, às vezes rimos muito, às vezes brigamos, poucas vezes nos beijamos, toda a atmosfera é obscena. Em determinado momento só falamos, falamos, falamos, falamos, e quando retomamos a fim de gozar no final, eu acordo, eu sempre acordo.
Essa noite estávamos no chão, havia uns vestidos que não eram meus jogados por toda a parte, uma paisagem bonita, e nós estávamos tristes. Era um sonho erótico só no rótulo, nada era alusivo a sexo, tudo era desprovido de paixão. Mesmo diante deste cenário, quando finalmente consegui ver o rosto dele de baixo para cima, comecei acordar, fiz um esforço tremendo de não perder o fio da meada, para não ver ir embora a oportunidade, mesmo sabendo que havia perdido oportunidades melhores do que aquela, mas foi em vão.
Acho que a tristeza era o racional que cisma em estar presente. Talvez seja esse o caminho para reter o sonho e viver as cenas finais: não havendo intromissões desse tipo, vamos nos esbaldar e eu não vou acordar.
Foto tirada: http://beautesauvage.tumblr.com/
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