"... antes cair das nuvens que de um terceiro andar" - Machado de Assis
Provavelmente é uma necessidade humana, não sei, essa de extrairmos de toda situação que vivemos algum aprendizado. Ou pelo menos queremos acreditar que saimos melhores do que entramos, não importa em que, ou qual seja o resultado final da experiência. Essa reflexão, sinceramente, é válida, e faz bem à alma. Nada como sairmos com coisas boas de uma realidade, sobretudo quando ela nos pareceu seca e escassa. Quando nos distanciamos do vivido podemos ver claramente as arestas que nos machucaram, e que deixaram algumas cicatrizes. Por isso, talvez, o exercício de ver coisas boas às vezes seja difícil, árduo e melancólico. Em muito se assemelha a uma coleta seletiva. Joga-se tudo dentro de um latão de lixo cheio de dejeto e coisas pútridas e depois, por mais nojento que seja, coloca-se a mão dentro dele e tira-se somente o que presta, o que merece ser guardado, ou reutilizado.
Em uma conversa me perguntaram sobre meus aprendizados recentes, sobre as lições que deles extraí. Dei de ombros e disse que não tinha aprendido nada que quisesse guardar. Me deram umas sugestões, mas achei que não era nada daquilo. Fiquei pensando algum tempo, voltei para a lata de lixo e fiquei olhando lá para dentro, pensando o que eu tinha para salvar dali, e eis que catei algo pequeno, imundo, pisado e rasgado, mas com um brilho próprio. Minha capacidade de sonhar e acreditar, que é só minha, que me acompanha desde pequena, que sempre me fez colorir a realidade, e achar que com vontade tudo é possível, até que se prove ao contrário, ou se mude de ideia. Se isso é uma boa lição, não sei, mas que é algo de valor e que eu não quero perder, isso eu não tenho dúvida. Sem meus sonhos, perco minha integridade, minha personalidade, deixo de ser eu e, modéstia à parte, rapaz, eu sonho bem demais!
2 comentários:
Puxa, Bel, que lindo!
Fiquei emocionada.
Você é uma sonhadora nata e isso é muito raro. E bonito.
se sonha, ê, como sonha!
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