quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Hamlets e Ofélias

Ou como interromper o destino

Ato III

Hamlet: O poder da beleza transforma a honestidade em meretriz mais depressa do que a força da honestidade faz a beleza assemelhar a ela. Antigamente isso era um paradoxo, mas no tempo atual se fez verdade. Eu te amei, um dia.

Ofélia: Realmente, senhor, cheguei a acreditar.

Hamlet: Pois não devia. A virtude não pode ser enxertada em tronco velho sem pegar seu cheiro. Eu não te amei.

Ofélia: Tanto maior o meu engano.

Ato V - Cena I

Primeiro Coveiro: Bom, deve ter sido se defendendo; não pode ser doutro jeito E aí está o nó: se eu me afogo voluntário, isso prova que há um ato; e um ato tem três galhos; que é a ação, a facção e a execução. Argo, foi uma afogação voluntária.

Segundo coveiro: Claro, mas ouve aqui, cavalheiro coveiro...

Primeiro coveiro: Com sua licença! (Mexe na poeira com o dedo). Aqui tem a água; bom. Aqui tem o homem; bom. Se o homem vai nessa água e se afoga, não interessa se quis ou não quis - ele foi. Percebeu? Agora, se a água vem até o homem e afoga ele, ele não se afoga. Argo, quem não é culpado da própria morte, não encurta a própria vida.

Foto de: beautesauvage.tumblr.com

Um comentário:

VW Nonno disse...

linda tua pesquisa. E incrível a atualidade de Shakespeare.