quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Pereira Passos do amor

Estava limpando meus e-mails hoje, ou melhor, organizando-os dentro de pequenos quadrados coloridos com nomes. As atuais tecnologias permitem guardarmos de um tudo, e às vezes, principalmente quando estamos em casa, desce um espírito higienista que resolve arrumar o que estava parado faz tempo. Foram mais ou menos mil e-mails arrumados. Ainda restam aproximadamente 800 para serem catalogados, só que cansei e resolvi interromper as atividades. Encontrei vestígios demais nessa arrumação. Catei lembranças em janeiros, em marços e agostos. Localizei algumas partes entre comprovantes de compras on-line, trabalhos corrigidos, correntes de oração, e conversas conjuntas de amigas. Extraí  momentos dentre companhias que nunca seriam possíveis na vida real. Garimpei meus melhores sonhos, e guardei o suprassumo dentro do quadradinho de cor vermelho apagado - foi o que eu consegui de melhor dentro das opções oferecidas. Nessa limpeza pude reler algumas histórias que me fizeram fechar os olhos, sorrir, e recordar exatamente o que senti quando as li pela primeira vez. Para outras me vi negativamente balançando a cabeça. Algumas eram muito interessantes e longas, não à toa me vi debruçada sobre o teclado no velho hábito de usar o mouse como extensão das minhas mãos, e assim tocar delicadamente letra por letra do seu nome. Seu nome de verdade. Clico em sair e abandono minha vida secreta para viver a real, que é bonita a seu modo. Sei exatamente onde coloquei as pistas, ficou mais fácil te encontrar nos raros momentos de saudade, ou nos constantes momentos de fuga. Lá, no quadradinho rubro apagado, o tempo é diferente, a vida, o cotidiano e a rotina são outros. Ali, onde tudo está reunido, nada mudou. Continuamos nos vendo com frequência; para isso, basta entrarmos nas nossas vidas secretas.

In my secret life - Leonard Cohen

(...)
On the past.
And I miss you so much.
There’s no one in sight.
And we’re still making love
In My Secret Life.

I smile when I’m angry.
I cheat and I lie.
I do what I have to do
To get by.
But I know what is wrong,
And I know what is right.
And I’d die for the truth
In My Secret Life.
(...)
Looked through the paper.
Makes you want to cry.
Nobody cares if the people
Live or die.

(...)

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