quinta-feira, 31 de maio de 2012

Shoegaezing e o amor

Uma amiga recém chegada de Nova York olhou para mim e disse: "Você é hipster. Deveria morar no Brooklyn". Contra argumentei dizendo que não era, que nem sabia direito o que era isso, que não tinha Iphone, não usava Instagram, não era aficcionada pela Apple, mas que sim, adorava o Brooklyn. Ela do alto de seus 6 anos de experiência na Grande Maçã falou que todo hipster não se diz hipster, e mostrou alguns pontos de interseção entre características minhas e as deles, como grandes armações de óculos, chegar cedo quando sai à noite, andar de bicicleta, gostar do Wes Anderson, ter um Tumblr e adorar bandas como o Animal Collective. Naquele dia me aceitei hipster, mas disse que era uma hipster meio loser, o que automaticamente me faz indie, creio.

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A paixão mais violenta que eu tive até o presente momento foi por um professor de filosofia. O que despertou todo esse amor obsessivo, não foi o fato dele estar no doutorado precocemente, muito menos o seu total domínio sobre Benjamin. O que acendeu o fogo da paixão foi a confissão que ele fez em sala de aula, sem propósito algum: "Eu adoro Sonic Youth". A partir daquela terça-feira, eu que já adorava o Sonic Youth fiz de Goo, Washing Machine e EVOL trilha sonora para um ano inteiro de amor não correspondido.

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Eu detesto a pergunta: "Qual é sua banda favorita" e também não suporto quando me indagam: "Qual é o seu filme preferido". Não tenho resposta para elas, ou melhor, não tenho essa constância. Sempre que posso saio pela tangente. Só uma coisa é certa desde os meus 15 anos - Inglaterra /Reino Unido. Dos lugares que visitei, lá é o que eu mais gosto, e isso influencia muitas coisas, tendo a achar (uma mistura de romantismo com infantilidade) que tudo que vem de lá  já vem com algum selo de qualidade, principalmente quando penso em música.

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Mês passado eu fui ao show do Mogwai duas vezes.
Mogwai é de Glasgow, assim como o Belle Sebastian, o Teenage Fun Club e o Franz Ferdinand (que tá batido, mas já foi legal), ou seja, Glasgow é uma cidade supimpa. E é mesmo.
Porém, não saí de casa para homenagear a cidade Art Nouveu. Mogwai me emociona verdadeiramente, é como entrar em um transe sonoro, é música que ao vivo não te faz pensar em nada. É muito bonito. E muito bonito é o público do Mogwai, também. Foi no show daqui, talvez um pouco no show de lá, que eu me aceitei com um gosto indie que até então eu não achava que existia.


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Shoegaezing - É olhando para os sapatos que a gente compreende o que está ao nosso redor. E assim a profecia da distorção se fez.








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