Ontem fui à despedida de um grande amigo, do primeiro namorado, de um dos ombros mais sinceros e espinhosos para se chorar. Caderninho para desejar coisas boas e fazer com que o viajante saiba que em seu lugar de origem todos o amam. Algumas lágrimas dos mais emotivos, bebidas, risadas e um voto de amor e fidelidade a Guanabara. Um certo ar de inconformismo: "Mais um??!", mas fazer o quê? Segue o baile. Depois de uma grande amiga, um namoro na BR 116, como exemplos mais viscerais, eu sei que SP está ali, bem perto, atraindo e repelindo, neste movimento constante, é só não pensar muito. Vai! eu acho que você vai ser feliz.
“Ninguém ampara o cavaleiro
do mundo delirante”
Murilo Mendes
Eu te ouço rugir para os documentos e as multidões
denunciando tua agonia as enfermeiras desarticuladas A noite vibrava o rosto sobrenatural nos telhados manchados Tua boca engolia o azul Teu equilíbrio se desprendia nas vozes das alucinantes madrugadas Nas boites onde comias pickles e lias Santo Anselmo nas desertas ferrovias nas fotografias inacessíveis nos topos umedecidos dos edifícios nas bebedeiras de xerez sobre os túmulos As leguminosas lamentavam-se chocando-se contra o vento drogas davam movimentos demais aos olhos Saltimbancos de Picasso conhecendo-te numa viela maldita e os ruídos agachavam-se nos meus olhos turbulentos resta dizer uma palavra sobre os roubos enquanto os cardeais nos saturam de conselhos bem-aventurados e a Virgem lava sua bunda imaculada na pia batismal Rangem os dentes da memória segredos públicos pulverizam-se em algum ponto da América peixes entravados se sentam contra a noite O parque Shangai é conquistado pela lua adolescentes beijam-se no trem-fantasma sargentos se arredondam no palácio dos espelhos Eu percorro todas as barracas atropelando anjos da morte chupando sorvete os fios telegráficos simplificam as enchentes e as secas os telefones anunciam a dissolução de todas as coisas a paisagem racha-se de encontro com as almas o vento sul sopra contra a solidão das janelas e as gaiolas de carne crua Eu abro os braços para as cinzentas alamedas de São Paulo e como um escravo vou medindo a vacilante música das flâmulas
Poema de ninar para mim e Bruegel, Roberto Piva
Um comentário:
ombro espinhoso? consola mas espeta? para mim será sempre Fafa, um bichinho de pelúcia em forma de rinoceronte...
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