Já faz uma semana que você não aparece. Em um primeiro momento achei que ia surtar ao perceber que este laço tão frágil se desfazia, e que eu imóvel assistiria sem nada poder fazer. Chorei, chorei muito. E, com um vento leve de março, essa nuvem de sentimentos tão latentes e carregados de intenções se dissipou, e eu pude ver pela primeira vez, depois de muito tempo a realidade e os frutos que colhi disso tudo. Dizer que ainda não penso nos porquês seria mentira. Penso. Porém não como ser injustiçado e sim vitorioso. A vida assusta mas tem que ser vivida. O que você me mostrou estava dentro de mim adormecido, e infelizmente não vou poder dividir contigo. Deixo aqui registrado minha gratidão no entanto. Como diz São Paulo em sua carta aos Coríntios: o amor não é vaidoso, o meu por você não era, mas a vaidade não permite a ninguém amar nada a não ser nós mesmo. Que bom, acredito eu neste momento, desta troca só sairia farpas talvez acadêmicas.
Li um poema do Brecht que calou fundo em um primeiro momento, mas que agora já perdeu sua relevância. Como o autor em questão trabalha com o mesmo expediente que eu ao tratar de paixões, deixo aqui registrado como pró forma de um amor puro que se esvaziou frente à pequenez da alma.
Nós nos abraçamos
Eu toco em tecido rico
Você em tecido pobre.
O abraço é ligeiro
Você vai para um almoço
Atrás de mim estão os carrascos.
Falamos do tempo e de nossa
Permanente amizade. Todo o resto
Seria amargo demais
Os carrascos é tudo aquilo que me impulsionava a suplicar pela sinceridade inexistente. O almoço foi adiado. Falemos de você. Eu sou o tecido rico e você o pobre - de espírito.
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