terça-feira, 26 de junho de 2012

Vênus retrógrada

Vênus chegou oferecendo romance para todos os gostos. Muita gente se deu bem, com muita gente nada aconteceu, e muita gente mandou mal. Eu queria muito participar do primeiro grupo, mas tendo a achar que faço parte do fatalístico terceiro.
Em uma das minhas sessões de limpeza e arrumação mental que acontecem semanalmente ouvi: "você se defende com a palavra". Pois bem, eu não me defendo, eu perco a linha no que eu digo. Pensando nisso, e repassando todas as minhas alterações e loucuras recentes, divido aqui a experiência do que não dizer (ou fazer) em um (ou mais) encontro(s):

1) Aparente fragilidade, não precisa ter opinião para tudo.

2) Se faça um pouco de burra, a cada encontro eu indico pelo menos 2 livros, 1 disco, 3 filmes e 1 artista "que acho que você vai gostar"

3) Não conte que seu sonho de noite de núpcias é no motel Medieval da Dutra

4) Não conte que adora rodovias e sabe tudo de rota 66 porque seu sonho é passar a lua de mel lá.

5) Não precisa lembrar o fato que você já se envolveu em uma briga.

6) Também é desnecessário dizer que foi a um show de "Alex & Carla o casal mais erótico do Rio" em uma casa de show pornô ao vivo com seu ex namorado e uns amigos da escola, todos amassados dentro de um carro de test drive.

7) Não descreva seu quarto, e muito menos mostre foto no celular, quando a decoração possui santos de um lado, quadro de circo de pulgas e um painel de fotos BDSM (em frente aos santos).

8) Não, não mesmo, em hipótese alguma, diga que se apaixonou por um transformista, e que levou 3 amigos para ver um show que acabava com uma estrelinha acesa em um lugar inapropriado.

9) Seu casinho não precisa saber que você adora filme pornô, que tem um tumblr com imagens sensuais, e que troca referências de sites salientes com as amigas.

10) Não beba mais que ele.

11) Tsunami de links no mesmo email não melhora as coisas e nem te faz parecer normal, muito menos casual.

12) Uma bocona vermelha que anda, só é legal se o sujeito compartilha do mesmo fetiche.

Faz dois dias que eu me vejo fechando os olhos com força no ônibus a cada lembrança de coisa dita que me vem à cabeça . No fundo, se olharem bem para mim, eu só sou uma garota que gostaria de dividir o que acha interessante com alguém, e andar no parque de mãos dadas. Porém, para isso acontecer, começo a achar que essa pessoa será um tanto bizarra (como eu) e de bizarrice eu já me basto.
Esta semana eu tenho um encontro com direito a guardanapo antes de beber, unhas em tom claro, e brinco elegante. Entre uma garfada, com o garfo na mão direita e de preferência com o lado concâvo para cima, e outra, para quebrar o clima, vou contar logo de cara a história da paixão pelo travesti, dessa forma eu garanto mais alguns dias de neurose, algumas lágrimas de arrependimento profundo, e, claro, enriqueço a minha terapeuta.


Trilha sonora do passeio que eu ainda vislumbro:

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