quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A fantasia do real

Faz tempo eu voltei para a análise. Voltar para a análise é ainda mais estranho do que começa-la. Da primeira vez que você procura um analista a entrevista é tensa, e você tenta provar por A+B que tudo aquilo é passageiro, e que você tem algum controle da situação. Uma coisa meio Chapollin, onde todos os seus movimentos são friamente calculados. A segunda vez que você vai parar no divã, está bem claro que é essa vã sensação de controle que você busca. Pois bem, voltei para a análise. Expliquei em miúdos tudo que acontecia, e tudo que desencadeou uma linha de pensamento que posso adjetivar de no mínimo soturna. Pelo menos a sala é bem decorada, e creio que isso faz muita diferença para mim. Além disso, meus 5 anos de Lacan me fazem acreditar que sou uma psicanalista em potencial, e por conta dessa sapiência desmedida, cabe a mim decidir as regras do jogo. Semana passada quando descrevia um caso, entrecortando com outros tantos, tentava construir uma lógica dentro de uma mente fantasiosa. E eis que ela interrompe e diz: " Você vai ter que aprofundar a questão do real, realidade e fantasia". Neste momento de ruptura, selamos um acordo com validade extensa. Como dizer para os outros que eu só vivo a realidade porque nela está contida toda a minha fantasia? Talvez eu devesse concluir que é melhor parar de sonhar e começar a viver, ou viver a realidade presente e nela colocar a minha fantasia - será que cabe?. Ela me mandou voltar lá essa semana. Talvez eu simplesmente devesse parar de fazer análise.

2 comentários:

Leonardo Villa-Forte disse...

Tá bom, agora diz realmente como foi.

Dissolvida disse...

ai ai... nós geminianas que sempre vivemos nossa realidade cheia da nossa fantasia
também não sei viver sem minhas fantasias... acho que isso é bom!