terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Piadas divinas

Tem pessoas que gostam de chamar de acaso, tem outras que apelidam de destino, e outras tantas que acham místico. Eu chamo de coincidência. Coincidência não carrega peso algum, pelo contrário, é até leve: "Olha só que coincidência..." Claro que existem as que são forçadas, aquelas que de tanto cavarmos acabam acontecendo, e com um sorriso amarelo o que era para ser um encontro revelador, se torna, na maior parte das vezes, somente  frustração. Geralmente nessas horas surge um letreiro na testa escrito em neon: Sou um idiota.
Por vir de uma família onde a individualidade é praticamente uma deusa hindu com 20 braços, 3 pernas e 5 cabeças, para quem nos reverenciamos e fazemos preces toda a noite, não existe nada mais aflitivo do que a coincidência. Encontrar alguém por acaso, ou fazer algo ao mesmo tempo que outro, ou gostar da mesma coisa, ou arrumar o mesmo namorado, ou qualquer coisa que possa fazer o outro se sentir invadido é digno de desculpas no primeiro momento. É como se fosse: Desculpa, eu só queria que você acreditasse que foi coincidência (neste momento observa-se a humildade contida dentro desta singela palavra).
Meu espírito romântico diria que as almas estão conectadas (blá blá blá), minha amiga que transa astrologia diria que é um alinhamento cósmico, e que a casa 6 deve ser regida pelo mesmo planeta (blá blá blá). Na verdade, eu só acredito no senso de humor divino. Quando acontece uma coincidência, acho que Deus faz de propósito para ver o que acontece. Uma espécie de reprodução em cativeiro assistida. Ele coloca geralmente as pessoas juntas e canta: Ula ula ula ê. E nós, aqui embaixo, ficamos achando que ou fulano é psicopata, ou nós somos bobalhões. Nesta equação, acho que é 33,3333% para cada um. Deus também tem sua parcela de responsabilidade na matemática do acaso.

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