quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Perto demais se torna banal


Ainda sobre o amor...

Antonio Banderas uma vez disse que ser ator em Hollywood era mais fácil do que na Espanha. O exemplo que ele deu foi em relação às cenas de amor, onde em espanhol ele dizia : Te quiero, que carregava uma dramaticidade que não acontecia quando ele falava o tão batido: I love you.

Pois bem, hoje fiquei pensando na banalização dos nossos sentimentos e relações. Como foi dito no incrível filme Closer ( sim incrível, um retrato fiel das relações nos tempos atuais): "Tudo é uma versão de outra coisa"- eu bem sei. Por isso tenho que dizer que eu não te amava, ou pelo menos, não o que eu compreendia até então como amor. Amor é sinônimo de caridade (pode ser meu ranço cristão falando mais alto), aquilo que vem do coração, que se preocupa com o outro, que muitas vezes coloca os anseios dos amados acima dos nossos. Cafona, não? é. Porém, esse tipo de amor caiu em desuso. Não posso afirmar que ele não existe, estaria sendo radical, e, até quem sabe, pessimista. Mas acho que nos dias de hoje, é mais fácil sentir o que seria para o Antonio Banderas o I love you.

Foi assim que cheguei à conclusão que eu te amava. A partir do momento que os sujeitos das relações se comportam como se o amor estivesse presente, e na maioria das vezes ele não está, como posso dizer que não amo? Sim, amo e muito! É o que me resta, ora.

E mesmo sabendo que isso é uma mentira, me questiono se não será ela mais importante que a verdade ao nos relacionarmos atualmente. Acho que neste amor que vem surgindo, nesta nova forma - se é que assim posso classificar - a mentira é sim, o ingrediente mais necessário. Na incapacidade real de sentir algo nobre, inventamos uma forma carregada de palavras de afeto, saudades e compromissos. Essa banalização da emoção verdadeira acabou se tornando, ou melhor, ficou conhecida como amor. Da caridade resta um pouco. Transformaram o ato de amar em algo individual, onde não é mais necessário um outrem. Melhor do que amar e ser amado, é amar a idéia que alguém te ama, e isso já basta. Creio que neste universo ficcional, parcialmente baseado em situações reais, alguém dorme com o coração quentinho na certeza de ser amado. Só não sou eu que durmo, ou que amo. Meu lugar é a Espanha, e me tragam um copo de jerez por favor.

* 1/3 desse post é verdade, o resto todo é mentira - acho coerente*

Um comentário:

Dissolvida disse...

No nosso planeta, Belzoca, só se falará "te amo" ou "te quiero", não existirá o amor banalizado, e nem aqueles que querem apenas ser amado. No nosso planeta seremos sempre verdadeiros e desse jeito assim só nosso e imcompreendido. No nosso planeta vamos amar e sermos amadas igualmente com a dramaticidade que o "te quiero"carrega. Seremos verdadeiras e verdadeiramente felizes.